Minha História, uma Coleção de Histórias
- arianecedraz
- 15 de jul. de 2020
- 6 min de leitura
Não acabaram os assuntos sobre finanças, mas sabendo um pouco mais sobre mim, talvez você entenda melhor o que eu faço e porque eu faço.
Um dia desses conversando com uma amiga, após uma reunião de trabalho, falávamos sobre as crianças que ao pensarem numa profissão, normalmente escolhem às profissões tradicionais. Eu entendo isso como um reflexo do convívio delas, elas dificilmente vão querer ser algo que não fazem ideia que existe.
E nisso me veio a lembrança do que eu queria "ser quando crescer", o que eu pensava sobre isso? Eu nunca fui a criança fofinha, quietinha e dentro da caixinha, mesmo dando muita dor de cabeça e preocupação para a minha mãe, ela nunca tolil a nossa imaginação (tenho 3 irmãs).
Como toda criança com quem eu convivia, eu também queria ser atriz, cantora e bailarina, mas eu era tímida demais para me ver como atriz, tinha consciência de que era desafinada e não sei dançar até hoje (nem coordenação motora direito eu tenho). Então me restava como solução o conhecido, ser bancária como minha mãe, mas ser bancária era uma coisa chata.
Eu sempre fui muito observadora e prestava atenção às coisas que aconteciam ao meu redor e não gostava de ser ignorada quando criança, pelo simples fato de ser criança. Então eu descobri o que eu queria ser quando crescesse, eu queria ser PRESIDENTE do Brasil, para que essa desigualdade não existisse mais, para que as pessoas conseguissem ter voz e serem ouvidas, independente da idade.
Eu tinha um plano econômico para reduzir a desigualdade que eu enxergava ao meu redor, distribuição de renda era uma delas (nascia ali uma, o que hoje chamamos de, Comunista). Mas quem me conhece, sabe sou capitalista desde que me entendo por gente, e comunismo não é muito a minha praia.
Cresci e o destino me levou para a faculdade de economia, o sonho de ser presidente era algo que já não fazia mais parte dos meus planos, mas eu ainda queria ser alguém que fizesse a diferença. Eu quando comecei a faculdade não sabia o que ia fazer da vida, mas queria ser presidente de uma grande empresa, porque grandes empresas fazem a diferença e fui tentar descobrir o que um economista faz, afinal de contas eu iria passar os próximos 4 anos me dedicando para isso.
Comecei pela empresa júnior de economia, contrariando colegas e professores, duas calouras (eu e uma amiga) correram a atrás e fundaram a empresa júnior de economia da universidade. Depois comecei a trabalhar em pesquisas, eu não tinha ideia do que era e de como funcionava, mas pagava bem. Então, como pesquisadora, comecei a estudar sobre Desenvolvimento Sustentável, e aprendi como políticas econômicas podem trazer o crescimento econômico de forma sustentável e essa passou a ser a minha linha de pesquisa e para minha monografia.
Nas pesquisas descobri o poder das micro e pequenas empresas e conheci várias estratégias utilizadas por elas para sobreviver e várias histórias de vida (umas incentivadoras, outras muito loucas e outras que tinha dois lados que nunca saberemos o que realmente aconteceu). Nisso eu passei a colecionar histórias, até hoje adoro ouvir sobre as pessoas e seus negócios. E sempre que tenho a oportunidade quero conhecer as empresas por dentro, como funciona e tudo sobre, mesmo que seja só por curiosidade e encantamento.
Ainda quando estudante fui convidada para assumir a coordenação financeira de um programa do governo, como não fujo de desafios, lá fui eu sem saber o que ia fazer, colocar em prática um conceito que aprendi na faculdade o tal do learnig by doing (aprender fazendo). A coordenação no Banco do Povo (programa de microcrédito para muito pequenos e informais) trouxe um grande conhecimento para minha vida, e foi nele que eu vi o quanto as pessoas com e sem negócios precisam de orientação na sua vida financeira. Mas pouco podíamos fazer, pois esse não fazia parte do objetivo do programa, eu vi nisso como uma excelente política pública não cumpria o seu papel por completo pois não conseguia fazer todo o necessário.
Faltavam alguns detalhes na execução do programa. Não tem como apenas disponibilizar dinheiro sem oferecer junto educação, os agentes tentavam passar algumas orientações sobre a importância da organização do negócio, mas nem eles tinha conhecimento suficiente para orientar corretamente. E os empreendedores não tinham nenhuma educação financeira pessoal e muito menos para o seu negócio.
Após quase 3 anos de Banco do Povo me rendi ao serviço público. Passei no concurso de Fiscal da Profissão de Economista, foram 3 anos de muito aprendizado e meu primeiro contato real com a Educação Financeira, fiz parte da Comissão Nacional de Educação Financeira do Conselho de Economia, nosso objetivo era a introdução da matéria de educação financeira nas escolas, esse era o nosso projeto junto ao Congresso Nacional, como as coisas são rápidas (sqn), mais de 10 anos depois, ele entrou em vigor agora em 2020.
Eu saí do CORECON em 2009, pois o serviço público não é para mim, desde de criança não me encaixo na caixinha. E eu não ia conseguir mudar nada tendo que obedecer regras, que não faziam sentido e aceitar políticas que não estavam alinhadas com o meu desejo de vida. Eu queria trabalhar no setor privado, eu queria que as empresas e pessoas crescessem. Então fui fazer minha especialização em Gestão de Arranjos Produtivos Locais, olha eu de volta às Políticas de Desenvolvimento Sustentável.
Quando eu terminei a minha especialização, minha vida estava de cabeça para baixo, eu não sabia o que ia fazer, nem como, mas eu precisava fazer alguma coisa. Enquanto colocava a minha vida pessoal em ordem, tentava me achar profissionalmente, pois eu queria colocar em prática o que aprendi quando joguei tudo pro alto.
Foi então que eu comecei a trabalhar com micro, pequenas e médias empresas, junto ao SEBRAE, já são mais de 10 anos fazendo consultoria para empresas, nesse meio tempo aprendi que dava para trabalhar à distancia e me mudei para fazer meu mestrado em Inovação e Propriedade Intelectual. Desenvolvimento de inovação estava em alta e eu vi a necessidade de me aprofundar no assunto para melhor atender aos meus clientes, tinha vários editais para captação de recursos para desenvolvimento de tecnologia, estava tudo indo muito bem.
Terminei o meu mestrado em 2014 e em 2015 não tive nenhum projeto, não teve edital. As empresas que eu prestava consultoria estavam passando por uma crise (era apenas o começo) e eu não tive nenhum contrato em 2015, foi um ano péssimo.
Parei de esperar os editais e de buscas coisas sem futuro, minha reserva estava no fim e eu precisava fazer algo que fosse bom, para mim e para os outros. Várias pessoas já tinham me falado ao longo dos anos que eu deveria trabalhar com educação financeira, mas eu não fazia ideia de como fazer isso. Então comecei a estudar e surgiu o Contas Comigo, com o objetivo de ajudar pessoas a sair daquela crise, que não estava mais atingindo apenas um setor ou outro setor da economia, estava instalada e levando muitas pessoas para o buraco.
As pessoas precisavam aprender mais sobre como lidar com o dinheiro, minha situação de entradas não era tão diferente da maioria das pessoas, mas mesmo quase sem reserva financeira eu me virava para fazer entradas com outras consultorias e administrava bem o meu dinheiro, mas eu não via isso na vida das outras pessoas ao meu redor.
Tornei isso minha missão, transformar a vida das pessoas através da educação financeira. Hoje isso é um mercado com profissionais bons e ruins como todos os outros, com chamadas tentadoras para o enriquecimento e sucesso, que me deixa muitas vezes abismada e feliz, pois minha proposta sempre foi e sempre será a educação financeira, o enriquecimento pode ser uma consequência bem possível, mas me mantendo dentro daquilo que realmente acredito e muitas vezes na contra mão do tal sucesso e riqueza que alguns dos "colegas de profissão" buscam.
Eu hoje sei que não preciso ser presidente do país ou de uma grande empresa para transformar a vida das pessoas, vejo que faço isso em uma escala bem pequena, almejo atingir muita gente, desde que eu não me perca e indo devagar e no meu tempo, fazendo a diferença para uma pessoa por vez, que vai ajudar uma outra e essa outra, uma outra e assim devagar vai se criando uma corrente do bem, uma corrente pelo bem da saúde financeira, sem sensacionalismo e de forma verdadeira.
Primeiramente gostaria de agradecer a leitura longa, fico feliz em compartilhar um pouco da minha história. E se você concorda com essa corrente e quer que alguém faça parte dela e me conheça, compartilha essa publicação.
Obrigada!
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